"... (...) Depois fui para Inglaterra encontrar-me com George Steiner. Tem um piano que pertenceu a Darwin e uma data de tabuleiros de xadrez.
- É uma honra muito grande recebê-lo insistia ele, enquanto os meus cães negros farejavam os cantos. Falámos sobre a culpa, sobre a importância da capacidade de perdoar.
- O que você escreve está cheio de perdão, como em Tchecov mas não lhe respondi que não me perdoo a mim, enquanto a minha memória ecoava um verso de Camões.
E o vivo e puro amor de que sou feito e toda a glosa a Aristoteles no final do soneto, acerca da matéria e da forma. (...) Pois nem que seja um dedo no meu ombro, pá, tem paciência. Estou tão necessitado de um dedo no ombro (...)...".
in Revista Visão n.º 974 - Opinião-Crónica -
"O vivo e puro amor de que sou feito", António Lobo Antunes - ALA
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