sábado, 11 de dezembro de 2010

Hold me close


(Continuam a) Marcar Passo ...

continuam a marcar passo! 

Dá-me as mãos por brincadeira


Dá-me as mãos por brincadeira
Na dança que não dançamos,
Porque isso é uma maneira 
De dizer o que pensamos.
Dá-me as mãos e sorri alto,
A vigiar o que rio,
Bem sabes que assim já falto
A pensar coisas a fio.
Não quero largar as mãos
Assim dadas por brinquedo.
Deixa-as ficar: há irmãos
Que brincam assim a medo.
Não largues, ou faz demora
A arrastar, a demorar, 
As mãos pelas minhas fora,
E já deixando de olhar.
Que segredos num contacto!
Que coisas diz quem não fala!
Que boa vista a do tacto
Quando a vista desiguala!
Deixa os dedos, deixa os dedos,
Deixa-os ainda dizer
Aqueles dos teus segredos
Que não podes prometer!
Deixa-me os dedos e a vida!
Os outros dançam no chão, 
E eu tenho a alma esquecida
Dentro do teu coração.
Todo o teu corpo está dado
Nas tuas mãos que retenho.
Mais vale ter enganado
Do que ter porque não tenho.

Fernando Pessoa, iPoesia 1918-1930 

Vi-Ver

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Saborear o texto na linguagem


A palavra não começou por outra palavra. É o epílogo de um processo que começa por um impulso; o reflexo da necessidade de expressão que é ditada por um estímulo.
As palavras são a parte visível de uma construção gigantesca que não se vê.
Por isso, saborear as palavras - saborear o texto na linguagem - é representar o que a força das palavras sugere.

Watch You

O Tempo

“O Tempo é o espaço onde as coisas acontecem”                      
  Santo Agostinho

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Non, je ne regrette rien

O Amante

«Um dia, já eu era velha, um homem dirigiu-se-me à entrada de um lugar público. Deu-se a conhecer e disse-me: - «Conheço-a desde sempre. Toda a gente diz que você era bonita quando era nova, vim dizer-lhe que, para mim, acho-a mais bonita agora do que quando era jovem, gostava menos do seu rosto de mulher jovem do que daquele que tem agora, devastado.»
 Marguerite Duras 

domingo, 5 de dezembro de 2010

FMI - Chega ou não chega?


Muita tinta tem corrido a propósito da chegada do FMI, a Portugal.
À volta desta matéria, têm surgido inúmeras opiniões - convergentes ou divergentes - cujo âmbito (a maioria das vezes) ultrapassa o assunto propriamente dito.
Neste país hospitaleiro, há quem descreva a situação como uma chegada pouco simpática, preferindo a continuação da aplicação da cosmética habitual.
Não partilho dessa opinião, considero que a "visita" deve ser encarada não com simpatia (ou falta dela), mas sim com rigor.
Importa explicar que, é uma presença inevitável precisamente porque o excesso da cosmética nos deixou a todos (muito) mal pintados.
Impõe-se uma estratégia de ruptura - de alguns riscos - e muita prudência.
Não vale a pena tratar com aspirinas um problema que carece de ser combatido com antibióticos.

A Arte é Tudo


Só um livro é capaz de fazer a eternidade de um povo. 

Eça de Queiróz 

Knights Of Cydonia