quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sensibilidade

«Quando saímos, se está a nevar e tudo se pôs branco, ficamos sós, sentimo-nos sós. Se o sol estiver a brilhar, talvez não. Mas nada garante que aquilo que o outro sente seja equivalente ao que nós próprios sentimos. Quanto à mensagem, não sei... Não há mensagem. A melhor coisa é deixar a intuição e a imaginação agirem. É verdade que eu quero dizer com força qualquer coisa difícil de formular, qualquer coisa de escondido; mas são os espectadores que têm de o descobrir, senão tudo seria tosco e grosseiro; são vocês que têm de o descobrir, eu não posso proceder demasiado directamente. Frente a certos valores, é preciso, acima de tudo, sensibilidade.»

Pina Bausch

"O Som e a Fúria", de William Faulkner

É um livro que dificilmente se arruma na prateleira. 
Hoje, ao (re)ler, das palavras surgiu uma intensidade sublime que me remeteu para um deslumbramento inesgotável.
É, de facto, verdade: por cada leitura, surge uma nova leitura; descobrem-se novos (e bons) pormenores que a velocidade (ou a curiosidade) da leitura anterior havia levado despercebidos. 
A narrativa cai delicadamente na profundeza - do nosso mais nosso - e "entendemos de súbito o que se nos afigurava estranho e confuso; e todo o quadro se abre luminosamente perante nós ", tal como acontece na grande poesia.        


Vida extraterrestre

A NASA anunciou que na próxima quinta-feira, dia 2, organiza uma conferência de imprensa sobre "Astrobiologia", para discutir "uma descoberta que terá um enorme impacto na procura de vida extraterrestre".


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Erro espia-nos constantemente (e nós expiamo-lo também …).


… É também importante saber reconhecer o mérito e saber pesá-lo, e cada vez mais se acumula para mim a evidência de que isto é um exercício propositadamente ignorado entre nós. E, paradoxalmente, a palavra de ordem é, cada vez mais, avaliação. Indispensável é também o juízo sobre o que praticamos, pois o erro espia-nos constantemente (e nós expiamo-lo também …) …”. 

João Lobo Antunes, in Um Modo de Ser

Entre um café e outro, perguntavam-me (insistentemente) se a análise tendenciosa confecciona decisões desonrosas. 
Propositadamente (porque não gosto de insistências deste tipo), não respondi de imediato. 
No entanto, aqui fica a resposta.

Creio que, tudo o que possa ser entendido por desonroso tem, subjacente, razões circundadas de improbidade.
A regra é, não avalia quem quer, avalia quem sabe. (Outros tempos!).
Ultimamente, quem tem avaliado não sabe, nem quer saber, e quem sabe, não avalia.
Na avaliação desenvolvida por “avalistas” (não por avaliadores), o erro é um ingrediente específico e indispensável.
Não é um "erro qualquer".
Nesse método – análise tendenciosa - a lógica do erro é semelhante à conduta do “burlão”: intencionalmente, provoca-se o engano, aproveitando-o para concretização do resultado final.
Enganam-se os que, nestas circunstâncias, apresentam como desculpa o “erro na formação da vontade”.
O “erro desculpante” não tem cabimento neste panorama, nem deve ser motivo de “desresponsabilização”.
Dizem os “Freudianos” que, este estilo de prática está arreigado na criatura que a desenvolve. Não se constrói do nada, nem se destrói com tudo. É uma aptidão de berço. Mas, como tudo, esgotar-se-á um dia.
Nesse momento, fraca – a criatura - seca, terrifica e (auto)inutiliza-se 
“… pois o erro espia-nos constantemente (e nós expiamo-lo também …) …”.

Trust!


Continuar ...

Pedro Cabral

Projecto colectivo de sete desenhadores, de áreas profissionais diversas, que registam a cidade de Lisboa graficamente, percorrendo-a em sete percursos distintos: de uma periferia (uma das entradas) a uma das (míticas) colinas. Cada desenhador seleccionou dez desenhos, de um percurso delineado pelo próprio, dos muitos que fez ao longo do ano. Sem limitações de técnicas ou materiais. A única imposição foi o suporte ser um caderno com as dimensões desde livro: 140x200
Parabéns Pedro