segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Erro espia-nos constantemente (e nós expiamo-lo também …).


… É também importante saber reconhecer o mérito e saber pesá-lo, e cada vez mais se acumula para mim a evidência de que isto é um exercício propositadamente ignorado entre nós. E, paradoxalmente, a palavra de ordem é, cada vez mais, avaliação. Indispensável é também o juízo sobre o que praticamos, pois o erro espia-nos constantemente (e nós expiamo-lo também …) …”. 

João Lobo Antunes, in Um Modo de Ser

Entre um café e outro, perguntavam-me (insistentemente) se a análise tendenciosa confecciona decisões desonrosas. 
Propositadamente (porque não gosto de insistências deste tipo), não respondi de imediato. 
No entanto, aqui fica a resposta.

Creio que, tudo o que possa ser entendido por desonroso tem, subjacente, razões circundadas de improbidade.
A regra é, não avalia quem quer, avalia quem sabe. (Outros tempos!).
Ultimamente, quem tem avaliado não sabe, nem quer saber, e quem sabe, não avalia.
Na avaliação desenvolvida por “avalistas” (não por avaliadores), o erro é um ingrediente específico e indispensável.
Não é um "erro qualquer".
Nesse método – análise tendenciosa - a lógica do erro é semelhante à conduta do “burlão”: intencionalmente, provoca-se o engano, aproveitando-o para concretização do resultado final.
Enganam-se os que, nestas circunstâncias, apresentam como desculpa o “erro na formação da vontade”.
O “erro desculpante” não tem cabimento neste panorama, nem deve ser motivo de “desresponsabilização”.
Dizem os “Freudianos” que, este estilo de prática está arreigado na criatura que a desenvolve. Não se constrói do nada, nem se destrói com tudo. É uma aptidão de berço. Mas, como tudo, esgotar-se-á um dia.
Nesse momento, fraca – a criatura - seca, terrifica e (auto)inutiliza-se 
“… pois o erro espia-nos constantemente (e nós expiamo-lo também …) …”.

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