domingo, 6 de dezembro de 2009

Caetano Veloso e António Cicero em Pessoa


No passado dia 4 de Dezembro, sexta-feira, a Casa Fernando Pessoa, voltou a encher, por dentro e por fora.
Mais que um momento onde se observaram modos de actuar e partilharam ideias “…A Mensagem do Tropicalismo", sobre a influência de "Mensagem" de Fernando Pessoa" no movimento tropicalista ...” foi uma espécie de tertúlia Lisboeta, ao estilo do Grémio Literário, do Século passado.
Estes encontros espontâneos são os melhores e os mais singelos. É o género de singularidade que acontece uma vez e não tem réplicas.
Do “Tropicalismo” a “Agostinho da Silva”, passando por Santo Amaro e regressando ao imaginário de Cachoeira, recordei a Bahia dos Capitães na Areia, e escutei, com o coração, que não podem haver adultos de oito anos, brancos ou pretos, mas Seres Humanos na sua plenitude de direitos, em qualquer lugar do planeta.
Vi, António Cicero e Caetano Veloso, em Pessoa, a falarem do mundo como se estivéssemos na Lua a contemplar o azul, o verde e os castanhos da Terra.
Senti o valor da linguagem quando está ao serviço da mensagem e se transforma em ideias singelas, tornando-a mais emotiva com a revelação de pontos de vista corajosos, por vezes, provocadores, que deveriam interrogar e mobilizar a sociedade.
Vi e ouvi, bem de perto, o sorriso daquela força estranha, uma espécie de força interior que se esvazia em força exterior e contagia até os mais blindados.
Baixinho ao ouvido, tocava-me um olhar terno e sereno, e uma voz que não parava de repetir: 
“… Caetano, venha ver o preto que você gosta. Isso de dizer o preto, sorrindo ternamente como ela o fazia, o fez, tinha, teve, tem, um sabor esquisito, que intensificava o encanto da arte e da personalidade do moço no vídeo.
Era como isso se somasse àquilo que eu via e ouvia, uma outra graça, ou como se a confirmação da realidade daquela pessoa, dando-se assim na forma de uma bênção, adensasse sua beleza.
Eu sentia a alegria por Gil existir, por ele ser preto, por ele ser ele, e por minha mãe saudar tudo isso de forma tão directa e tão transcendente. Era evidentemente um grande acontecimento a aparição dessa pessoa, e minha mãe festejava comigo a descoberta. ...”.
Parabéns à Equipa da Casa Fernando Pessoa que proporcionou a realização deste momento profícuo e tão agradável. “Navegar é preciso”!

Já agora, não deixem de dar uma vista de olhos a isto.